Olá, pessoas, agora quem escreve aqui é a Tâni.
Vamos conversar um pouquinho sobre o mundo da editoração?
Mas por que isso? Bom… nessas primeiras semanas de vida efetivamente da Editora Lumus percebemos que ainda existem muitos questionamentos sobre editora/gráfica/serviços editoriais/direitos autorais/vendas/distribuição. Parecem coisas diferentes demais para serem comparadas – e de fato, o são – porém tem bastante confusão nesse meio.
Quando a gente fala em editora, para muitos ainda vem uma imagem de um lugar enorme, com muitas impressoras, máquinas rodando, inúmeros computadores, aquela imagem bem edição de jornal impresso, mesmo.
Porém na vida real acaba não tendo mais tanto romantismo como antigamente, por assim dizer. As máquinas diminuíram bastante de tamanho, e muitos parques gráficos próprios das editoras foram deixando de existir, pois acabava compensando terceirizar a produção. E ainda compensa, esse é um ponto bem importante. Mas calma, que em breve chegamos lá.
No sentido conceitual, saindo diretamente da Wikipedia:
“Uma editora de livros é uma organização – frequentemente uma empresa (embora possa ser algum outro tipo de associação sem fins lucrativos) que coordena o processo de editoração e de publicação de obras literárias. Em geral, as editoras se especializam em um tipo de publicação e área: livros, livro didáticos, obras de referência, partituras, discos, jornais, revistas e outros. Em geral também é a editora que arca com os custos de produção, divulgação e distribuição.”
Ufa, a quantidade de conceitos nessas três linhas chega a assustar! Mas vamos por partes…
Primeiro, vamos usar a nossa história como base para desenvolver o tema, pode ser? Estamos nesse mundo editorial com nossas obras desde 2012, um pouco mais, um pouco menos…
Eu, Tâni, comecei a escrever meu primeiro livro em 1998, após um presente querido de aniversário de 20 anos (xi, entreguei a idade! xD) das amigas de faculdade: o corebook de RPG “Vampiro A Máscara” 3ª Edição. Entre faculdade e formatura, só finalizei o texto em 2006, e fui tentar descobrir o que era o tal de mercado editoral. Em 2009, fiz uma pequena publicação com uma gráfica online, o que posteriormente chamei de “edição zero”. Sem noção nenhuma de como se fazia diagramação (foi feita meia boca no editor simples de texto, mesmo), com uma capa (linda!) feita com a ajuda de uma designer fotógrafa amiga minha, a Carolline Remer, conseguimos fazer alguns livros impressos lá nos Estados Unidos. Gráfica online, sem ISBN, sem registro, sem nada, ou seja, extremamente amador. Mas, com a disparada na cotação do dólar em relação ao real, se mostrou um caminho inviável. Até fechar com a primeira editora brasileira, a Literata, foram mais dois anos.
Já a Lhaisa participou em 2001 do grupo de escritoras LAP com as amigas da escola, produzindo textos de fanfics e desenhos, aprimorando assim suas habilidades. Ela ainda fez uma pesquisa na faculdade sobre a capacidade das fanfics de ser uma ferramenta para o aprimoramento da escrita criativa. Isso a incentivou a pensar na real possibilidade de publicar um livro. Paula também participou da LAP, junto com a Lhaisa, e da mesma maneira tinha um pé na fantasia e nas fanfics que escreviam desde sempre. Ambas escreveram seus primeiros livros em 2009, e entraram em 2012 na Editora Modo, após terem participado com contos em antologias da Editora Andross entre 2010 e 2011.
Por sua vez, Alexandre começou no meio literário em 2008, escrevendo com peças de teatro quando trabalhava na fundação cultural de Medianeira. Fazia peças, musicais e adaptações. Começou a escrever seu primeiro livro em 2013, publicado em 2015 pela Editora Normas. Em 2017, entrou para o Selo Lumus na Modo Editora.
A possibilidade de montar uma Associação de Escritores Paranaenses surgiu como um tema que vinha se desenrolando de conversas passadas, em eventos que participamos, e com diversas ideias trocadas com muita, mas muita gente! Mas sempre acabava esbarrando em interesse de fato das pessoas em se envolverem com isso. Porque dá trabalho, toma tempo, e a maioria das pessoas acaba pensando que não vale o esforço. O Alexandre e a Lhaisa já tinham experiência da ALEFI (Academia de Letras de Foz do Iguaçu), e alguns problemas justamente no que constava à burocracia. Em paralelo a isso, vínhamos a cada dia sofrendo mais por lidar com peculiaridades das nossas editoras, com problemas que não cabiam a nós, escritores, resolver.
Nesse meio tempo, o Alexandre abriu em sociedade a Editora Normas em 2013, após assistir a uma palestra minha e da Paula – olha que chique, fui saber disso só agora! =) Como eles não tinham experiência , tiveram que fazer tudo no acerto e no erro, aprendendo na prática. Como tiveram poucos clientes, não houve montante de lucro, porém eles aprenderam muitas coisas, como quando se prioriza a qualidade, não se pode colocar outros fatores na frente. Ou ainda, a necessidade de se terceirizar serviços como diagramação e arte, ou contratar uma distribuidora, geram gastos que poderiam ser evitados com maior conhecimento. Em suma: experiência!
Eu, Tâni, tinha vindo de uma editora que faliu em 2014, então a desconfiança em seguir por um novo caminho era grande. Minha sorte é que eu acompanhava de perto o trabalho que a Lhaisa e a Paula desenvolviam na época, e a fundação do Selo Lumus em 2015 dentro da Modo Editora me fez criar coragem de tentar de novo. O Selo, que contava com Paula e Lhaisa como coordenadoras, me pareceu um conceito interessantíssimo para se desenvolver, em sua ideia de selecionar/qualificar obras de literatura fantástica dentro os tantos autores publicados pela editora, e nós ganhamos muito knowhow ao participarmos desse processo. Eu mais observei que de fato participei, mas a Lhaisa e a Paula estavam por dentro de todo o processo, ganhando muito conhecimento editorial.
Em paralelo, eu comecei em 2018 a trabalhar com revisão de textos em um momento extremamente interessante, e de forma muito inusitada, porque foi sem querer! Meu marido participou de um financiamento coletivo de um livro de RPG, uma tradução que estava chegando no Brasil. Quando os livros começaram a ser enviados aos apoiadores, ele recebeu o dele e veio todo pimpão me mostrar. Um livro lindo, mesmo, qualidade gráfica maravilhosa. Mas… com um erro de digitação na capa! Acreditam nisso? Era tão somente uma letra que foi comida na hora de digitar, mas para mim aquilo brilhou em neon, não pude evitar. Menos de uma semana depois, eu estava ajudando na revisão ortográfica e gramatical, além de revisão de tradução inglês/português, para a editora em questão. Mais conhecimento editorial, portanto.
Todo esse histórico nos trouxe um aprendizado que levamos na bagagem, cada um em sua mochilinha. Quando resolvemos abrir todas essas malas e jogar seus conteúdos em uma mesa, dissemos, “e agora, o que fazer com tudo isso?!”
Na parte 2 continuo com o livro que surgiu no meu colo e que entendi como um projeto piloto para a Lumus Editora!
Até mais! =)