Seguimos por aqui, Tâni novamente!
Nós quatro ainda estávamos conversando em como colocar em prática a ideia de montar uma editora, quando surgiu uma situação curiosa relacionada ao tema, isso em fevereiro deste ano (2021): a proximidade do setentenário da minha mãe.
Para explicar o que tem isso a ver com a editora, deixa eu voltar um pouquinho no tempo, quando eu ainda era uma jovem Padawan.
Desde que eu me conheço por gente, a sala da casa dos meus pais tinha como parte obrigatória a grande estante de livros da minha mãe. Feita sob medida para abranger uma das paredes da sala de estar, sempre esteve cheia de livros de todos os tipos, desde enciclopédias (Barsa, Mirador, entre outras), livros dela da faculdade e muitos livros de ficção. Então eu convivi de perto com Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Ernest Hemingway, Lou Carrigan, desde muito nova. Sempre que tinha uma lista de livros ditos obrigatórios para a escola, minha mãe corria atrás para comprá-los, assim como garantir que coleções literárias da Folha de São Paulo estivessem completadas na estante.
Com o interesse na leitura somados à uma paixão pelo sobrenatural – que veio de um misto entre Drácula, Contos da Cripta e Além da Imaginação – comecei finalmente a rascunhar meu primeiro livro, ciente de que minhas origens estavam ali, na biblioteca da dona Silvia Mara.
Após alguns anos de eu ter publicado meus dois livros, minha mãe comentou comigo que também tinha começado a escrever algo. Fiquei já de cara interessada e muito feliz, entendendo ainda mais que fruta não cai longe do pé. Tentei por alguns meses que ela me enviasse para eu ler – foi duro! – mas enfim ela me enviou o texto finalizado de uma história de ficção. Uma história de tesouros e fantasmas! Minha alma que cresceu assistindo filmes como Goonies vibrou! Isso foi lá em 2018.
Demorei bastante para ler, e isso coloco como mea culpa, mas achei que poderia ser legal fazer uma revisão do texto, já que eu tinha começado a trabalhar nesse ramo prestando serviços para a Editora New Order.
Com o livro já revisado, eu me vi em um dilema paralelo: o que dar de presente para o aniversário de 70 anos de minha mãe, dali a somente alguns meses? Quando a ideia surgiu na minha cabeça, corri para a Lhaisa, pedindo conselhos. Queria saber se seria possível montar um livro realmente e imprimir alguns exemplares, como presente.
Encaramos a brincadeira talvez a sério demais – o que acabou se mostrando muito bom na sequência. Eu me perguntei, por diversas vezes: “Você tem um original em mãos, Tâni. É capaz de editorá-lo até estar pronto para envio à gráfica?”
Comecei fazendo o Registro de Direitos Autorais da história escrita pela autora Silvia Mara – como é assim seu nick nas redes sociais, entendi como nome artístico. Após isso feito, emendei encomendando o ISBN (International Standard Book Number – padronização internacional de numeração de livros, que vou explicar mais pra frente), o código de barras do livro e a Ficha Catalográfica. Guardem esses nomes, que vou explicar nos próximos posts, prometo! 🤞 Enquanto isso, comecei a montar a ideia de capa junto com a Lhaisa. Aprendi junto com ela como buscar as melhores imagens, como montar o esqueleto da capa aberta, como calcular a largura da lombada, entre outras coisas que para mim eram novidade. A Lhaisa já tem bem mais experiência que eu em fazer design gráfico, então participar dessa criação de capa com ela foi uma verdadeira escola!
A diagramação do livro também contou com a técnica da Lhaisa, e eu palpitei bastante no processo. Por ainda não saber mexer no software específico (nota já atualizada na minha TO DO LIST: aprender a mexer no InDesign!), essa parte eu só acompanhei. E foi nessa fase que pela primeira vez eu me assustei com o tamanho do livro escrito pela dona Silvia Mara! Arruma daqui, diminui letra dali, aperta acolá, tudo sem diminuir a beleza do trabalho de diagramação.
Chamei também o amigo Alan Rozante, da editora Macaco Dumal, para me ajudar com as dicas relacionadas à parte gráfica por si só. Ele me indicou alguns contatos, me explicou como funciona a terceirização de impressão, o que se deve ter cuidado, entre outras dicas fabulosas, que já guardei na famosa mochilinha. Por fim, escolhi uma gráfica com sede em Curitiba e, com o Boneco Digital pronto (mais um conceito que vocês devem anotar para explicação posterior, leitores!), comecei a negociar com a empresa.
Numa ansiedade que não era minha (muito acima do nível normal de ansiedade dessa que vos escreve!), encontrei na atendente Darieli Miguel, da Malires Gráfica e Editora, um atendimento humanizado e competente. Em um prazo bem bacana – nisso já estávamos no final de abril e eu morrendo de medo que os livros não ficassem prontos até maio – recebi a caixa com dez exemplares de “O Quintado” lá no meu trabalho.
Ao pegar o livro impresso em minhas mãos, minha realização era completa: sim, eu era capaz, com os suportes corretos, os amigos certeiros e disciplina – transformar um original recebido em Word em um livro físico. Isso me deu um fôlego em direção à criação da Lumus Editora que vocês não fazem ideia!
Ah, o resultado da entrega do presente – surpresa, eu não tinha falado isso ainda? – foi um espetáculo à parte. Como eu mantive em segredo, com a ajuda dos três cúmplices (pai, irmão e cunhada), fizemos um vídeo da reação dela ao receber o tão trabalhoso presente, devidamente colocado em um baú por relações com a história!
Um dia fantástico, em um aniversário único, e uma mochila cheia de novos conhecimentos, diretamente aplicados na criação da Lumus Editora. E agora começamos a falar em Serviços Editoriais.
Mas isso é conversa para o próximo post! Até lá!